terça-feira, 4 de novembro de 2008

TOLEDO - uma cidade inesquecível

Toledo - Espanha
Uma cidade inesquecível!
A Le Club agradece a seus colaboradores pelas sugestões e informações. O texto abaixo é de Fernando Magalhães e vale a pena. Afinal turismo é cultura!

História
O local onde está Toledo é considerado uma fortaleza natural. É uma rocha de granito, cercada de três lados pelo rio Tejo (o mesmo que vai dar no Oceano Atlântico em Lisboa). O rio, ali, faz uma curva traçando quase um círculo completo. Para efeito de defesa o rio, e as encostas de montanha, funcionam como uma muralha e um fosso, como nos castelos medievais. Para defender o quarto lado, o único não protegido pela natureza, era fácil construir uma muralha.
O primeiro povoado no local data de aproximadamente 450 A.C. Em 192 A.C. chegaram os romanos, e instalaram um forte, importante pela facilidade de defesa e pela posição central no país. Os romanos ficaram em Toletum, como a chamaram, durante 600 anos. Em 407 D.C. perderam-na para os bárbaros.
Em 578, o rei visigodo Leovigildo instalou em Toledo a capital de seu reino. Onze anos depois, em 589, o rei Reccared, que até então praticava uma variante do cristianismo, se converteu à religião católica romana e a declarou religião oficial. Essa foi praticamente a única contribuição importante dos visigodos para a formação da futura nação espanhola. Desde então, até hoje, Toledo é a capital católica do país, sede do cardeal-primaz da Espanha. Uma outra contribuição são os olhos azuis, presentes com alguma freqüência na população, e que devem ser atribuídos aos visigodos, já que os outros povos que participaram da formação da Espanha eram morenos, de olhos escuros.
Em 711, Toledo foi tomada pelos invasores mouros. Existe uma lenda que diz que o rei visigodo havia estuprado a filha de um nobre de sua corte, e que a vingança deste foi convidar os mouros a invadirem, indicando a melhor maneira de varar as defesas da cidade. Verdade ou não, o fato é que os invasores não tiveram dificuldade em conquistar a capital visigoda.
O domínio árabe na região durou quase 400 anos. Em 1085 o rei Afonso VI, de Leão e Castela, reconquistou a cidade. No seu exército lutava o famoso El Cid, popularizado internacionalmente pelo filme com Charlton Heston. El Cid, na verdade, não foi o grande herói que mostra o filme. Era grande guerreiro, sim, mas era um mercenário que guerreava por dinheiro, tendo em algumas ocasiões lutado ao lado de mouros contra espanhóis.
Dois anos após a reconquista, Afonso VI mudou a capital de Leon para Toledo. No final dos anos 1400, com a expulsão final dos mouros e a unificação do país, Toledo se tornou a capital da nova nação. Assim ficou até 1561, quando Felipe II (o mesmo que construiu o Escorial) mudou a capital para Madri.
A partir daí Toledo ficou estagnada. A população de hoje, de mais ou menos 60.000 habitantes, é menor do que a de 1561. A cidade parou no tempo, e está preservada até hoje quase exatamente como era há cinco séculos.
Toledo hoje
Toledo fica 70km ao sul de Madri. É uma cidade quase sem hotéis, e talvez a maneira mais prática de conhecê-la seja uma excursão de ônibus, saindo de Madri. Existem excursões que ocupam só a manhã, ou a tarde, mas são muito corridas. É melhor escolher a excursão que leva o dia inteiro, pois mesmo assim não dá para ver tudo. O ideal, para quem não tiver pressa, é se hospedar num "parador" (rede de pousadas criada pelo Ministério de Turismo como parte do programa de incentivo ao turismo) e ficar 2 ou 3 dias . Dessa maneira será possível sentir o clima da cidade antiga, aproveitar o prazer de caminhar pelas ruelas estreitas, voltar a visitar alguma coisa de que se tenha gostado.
Uma grande fonte de renda da região é a agricultura. Mas na cidade de Toledo em si, o turismo é a atividade principal, incluindo uma ativa indústria de venda de "souvenirs" aos turistas. Outra especialidade local é o marzipan, aquela espécie de doce branco feito de amêndoa. O nome em espanhol é mazapan.
Toledo é uma cidadezinha pequena, apertada, encarapitada em cima de um morro. Fora um ou outro palácio, a cidade é formada por casinhas pequenas, dando até, para quem nunca visitou uma cidade assim, uma impressão irreal de cenário de cinema ou de ambiente de conto de fadas. É como se estivéssemos dentro de um desenho animado de Walt Disney.
As ruas são estreitas, raramente passando de dois metros de largura. Considerando-se que quando a cidade foi construída o carro não existia, eram ruas de bom tamanho. O pior problema que poderia acontecer seria duas carroças, vindo em sentido contrário, se cruzarem. Provavelmente dava, apertando, para passar. É claro que as ruas principais, que levavam ao palácio, eram mais largas, pois precisavam dar passagem a carruagens de tamanho maior que uma simples carroça do povo.
Andando por essas ruazinhas, semelhantes às que existem em tantas cidades medievais da Europa, especialmente na Itália, é fácil compreender a tradição européia de carros de tamanho pequeno. Um carrão americano não poderia entrar numa dessas cidades, e é importante lembrar que, embora possam parecer irreais, elas são cidades de verdade, vivas, com gente de carne e osso morando e trabalhando ali.
O que é menos fácil de compreender é que o trânsito de carros seja livre e irrestrito. Carros trafegam à vontade, e aparentemente sem limite de velocidade, jogando os pedestres contra as paredes (as tais ruazinhas não têm calçadas, já que foram originalmente criadas para pedestres). Parece que seria mais lógico fechar essa área aos carros, como em muitos locais semelhantes em outros paises.
A melhor visão de Toledo é obtida atravessando o rio e subindo a estrada que o acompanha. De lá se tem a distância necessária para ver toda a colina, dominada pela grande massa do Alcázar no alto. É uma visão encantadora, inesquecível.
O Alcázar
Essa palavra árabe, pronunciada na Espanha com acento na segunda sílaba, significa um palácio fortificado. Quer dizer, é uma residência de um rei ou um nobre, mas é também um forte militar. Já palácio é apenas uma residência suntuosa, sem qualquer conotação militar. Existiam muitos Alcázares na Espanha, e diversos ainda estão de pé.
O de Toledo começou com o forte romano de 2.000 anos atrás, e cresceu e recebeu esse nome de Alcázar sob o domínio árabe. Em diversas ocasiões ele foi parcialmente destruído, mas sempre foi reconstruído.
Em 1936, no começo da Guerra Civil, Toledo foi palco das piores atrocidades. Inicialmente, os republicanos estavam em situação mais favorável, e andaram matando todo mundo que eles considerassem comprometido com os conservadores ou com a Igreja. Mais tarde, quando as forças de Franco tomaram a cidade, mataram todos aqueles que tinham lutado do outro lado. De cada lado foram mortos, friamente, sem qualquer chance de defesa, milhares de pessoas.
Naquela época, o Alcázar estava sendo usado como quartel do exército. No dia em que seu comandante, um coronel de 58 anos de idade, soube do início da Guerra, ele convocou para dentro das muralhas o máximo de soldados e civis que pode juntar e que fossem dedicados à causa de Franco. Ao todo eram 1205 soldados e 555 civis, incluindo mulheres e crianças. Eles imaginavam que iriam ficar lá alguns dias, talvez uma semana, até que as forças de Franco chegassem. Enquanto isso ficaram trancados lá dentro, a salvo dos republicanos que andavam pela cidade caçando seus adversários.
Os republicanos tentaram várias vezes invadir a fortaleza, mas as muralhas resistiam. No terceiro dia de cerco ao Alcázar os republicanos tentaram uma nova arma. Eles tinham prendido o filho de 16 anos do velho coronel, e telefonaram para o pai, lá dentro de sua fortaleza, para dizer que matariam o filho se o pai não se rendesse. Puseram o filho no telefone para não deixar dúvida de que estavam falando a verdade. A conversa foi assim:-- Papai, eles estão dizendo que vão me matar se você não se render. -- Então reze, grite "Viva a Espanha!" e morra como um herói.
Mataram o menino e isso deu mais força a todos para agüentar os sacrifícios do cerco. Se o comandante dera seu próprio filho pela causa, quem é que teria coragem de reclamar dos desconfortos que estava sofrendo?
Acontece que essa bela história talvez não seja verdadeira. A história é sempre contada pelos vencedores, e durante quarenta anos essa versão foi divulgada como correta. Depois da democratização do país, pesquisadores tentaram investigar os fatos, e há gente séria que afirma que o filho do coronel está vivo até hoje, passando muito bem obrigado em Madri.
O fato é que o cerco foi real. O pesadelo durou dez semanas, a comida praticamente acabou, e quando afinal foram liberados pelos soldados de Franco os combatentes pareciam esqueletos ambulantes. Os republicanos tinham tentado de tudo: artilharia pesada para derrubar as muralhas, mas elas resistiam. Bombardeio por aviões: as torres e partes mais altas caiam, mas os andares mais baixos agüentavam. Finalmente mandaram cavar um túnel por baixo das muralhas, até a base de uma das torres, e encheram a base de dinamite. Avisaram todos que estavam lá dentro que iam pulverizar o Alcázar, dando a eles uma chance de escapar.
A essa altura o país todo estava acompanhando a odisséia desse pequeno grupo de pessoas que para seus partidários tinham virado heróis. Jornalistas e fotógrafos foram chamados de Madri para testemunhar o ataque final. A dinamite explodiu, as paredes ruíram, mas no subsolo os ocupantes da velha fortaleza continuavam firmes. Salvos afinal pelas forças que estavam se encaminhando para Madri, mas fizeram um desvio para liberá-los (ver capítulo III), os defensores do Alcázar passaram para a história.
O Alcázar, tantas vezes danificado, destruído quase inteiro por Napoleão, e agora reduzido a escombros, foi mais uma vez reconstruído. Deram-lhe agora a forma do que existia no século XVI, quando Carlos V o reformou para nele morar. Sendo uma reconstrução moderna não tem valor arquitetônico algum. É até hoje visitado pelos espanhóis por simbolizar ao mesmo tempo a selvageria da Guerra Civil e o heroísmo do soldado espanhol

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

VIAJAR e SONHAR....

Não me lembro quando a paixão começou mas foi a muuito tempo. Penso que viajar já era parte do meu DNA antes mesmo de eu ter entrado em um avião. Minha família adorava viajar e ainda adora, em qualquer reunião de família o assunto principal são as viagens: as que fizemos enquanto filhos, as que fizemos enquanto pais, as que fizemos e faremos por nós mesmos, sempre em busca das partículas de nosso DNA espalhados pelo mundo. Os lugares exóticos me fascinam e a minha viagem começa bem antes, quando mergulho num passado remoto e me transporto...Depois vivencio e a cada ida e vinda o meu universo se expande...Meu Brasil, tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno. Viajar para o exterior significa expandir meus horizontes, tirar a venda dos meus olhos e perceber a insignificância do meu saber. Reconhecer a humildade de ser um grão de areia neste desertor rtilha imenso... Ao mesmo tempo viajar no Brasil, a minha terra é viajar para dentro de mim mesma..A diversidade e a multiplicidade ali mesmo, ao alcance da minha mão (ou devo dizer pernas, ou devo dizer asas) uma caleidoscópio de cores, sotaques, cheiros e sabores. A diversidade e multiplicidade que está fora mas tão presente em mim mesma. Talvez por isso tenha me dedicado ao turismo, talvez por isso seja uma cidadã do mundo e talvez por isso minha sede de correr mundo nunca se sacia e talvez por isso eu queira compartilhar com todos aqueles que sonham e viajam, ou viajam em sonhos.
Essa é a proposta: compartilhar minhas viagens, minhas vivências, meus sonhos e minhas emoções além de ouvir a de voces. Compartilhem o pitoresco, o engraçado, o assustador, uma experiência mística e sabe-se o que mais. Tudo é um primeiro passo, o primeiro de muitos.